terça-feira, 8 de dezembro de 2020

26 de Dezembro de 2018

 As goteiras batem na madeira e soam como a batida de um coração. A medida que a chuva aumenta, as goteiras aumentam, o barulho acelera e vice-versa. Eu olho para frente e vejo a água pingar dentro da casa. Eu tento ver o horizonte e só vejo neblina e montanha. Não é nem a segunda semana e já estou a surtar. A internet acabou e descobri ontem que ela é limitada e logo logo vai acabar. A tempestade se aproxima cada vez mais. Consigo ouvir os trovões chegando cada vez mais perto. Você se foi na segunda e desde então, cada dia chove mais. Será que este lugar só tem sol quando você está? Depois de um natal arruinado me encontro mais sem chão do que antes, sem um canto pra ficar, sem nada pra me acalmar. Um rivotril, um lexotan? Um kunk não cresce nesse lugar que agora é meu lar eu não posso mudar. O desespero cresce, meu coração acelera e ultrapassa a batida das goteiras no telhado. Aqui to aprendendo que quem manda em mim é a natureza. Se algo para, tudo para, e só volta quando ela deixar. Agora as goteiras no teto chegaram a bater junto com as batidas do meu coração. Aceleradas e descompensadas. Nessa casa emaranhada de caixas eu novamente começo a me desesperar sem saber qual é o meu lugar. O quarto de hóspedes onde o gato da minha prima está. Eu nunca estive aqui antes e sinto que não estou. Juro por Deus que as vezes acho que minha vida já acabou. Como dizia a piada de humor negro do Rivotril da Depressao: "so planejei minha vida até 2012 porque o mundo ia acabar. Agora é só no improviso."... o foda do humor negro é que as vezes ele se torna verídico. Os barulhos das goteiras no teto começam a desacelerar. Agora parecem segundos num relógio antigo. A tempestade vai se afastando embora quando eu tente olhar para o horizonte, apenas neblina e montanhas eu vejo. Isso daqui era o meu sonho antes de eu descobrir que a praia era o meu lugar. E isso é porque meu nome nem começa com Mar 

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