terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ontem, dia 15/11

levei meu 1° tombo de skate. Quase arrebentei o som do meu pai, pois o skate voou nele e desregulou todos os Cd's... mas o tombo foi lindo, pena que não estavam filmando.

e GRAÇASADEUS (!!!!!) não aconteceu nada de ruim ao som.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Weather

O inverno nem chegou e fazem 16°C em Vitória, ES, Brasil, nessa noite de 5ª Feira, 27 de Maio de 2010... durante dois minutos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

“Cara, eu vejo no Clube da Luta os homens mais fortes e espertos que já viveram. Eu vejo todo esse potencial, e vejo ócio. Diabos, uma geração inteira enchendo tanques, servindo mesas. Escravos de colarinho branco. A publicidade nos faz perseguir carros e roupas, trabalhar em empregos que odiamos para que possamos comprar merdas que não precisamos. (…) Não temos nenhuma Grande Guerra. Nenhuma Grande Depressão. Nossa grande guerra é espiritual, nossa grande depressão é nossa vida. Fomos todos criados pela televisão na crença de que um dia seríamos milionários, deuses do cinema e estrelas do rock. Mas não somos. E lentamente nos damos conta desse fato. E estamos muito, muito putos da vida.”

“Tem uma passagem que eu memorizei. Ezequiel 25:17:

‘O caminho do homem de bem é cercado por todos os lados pelas iniqüidades dos egoístas e a tirania dos maus. Abençoado aquele que, em nome da caridade e boa-vontade, pastoreia os fracos pelo vale das trevas. Pois é verdadeiramente o guardião de seus irmãos e salvador dos filhos perdidos. E irei cair com grande vingança e ira sobre todos os que tentarem envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá que eu sou o Senhor quando minha vingança o abater’.

Venho dizendo essa merda por anos. E se você chegou a ouvir, significa que ia morrer. Nunca parei pra pensar no significado. Achava que fosse uma daquelas coisas que mostram sangue-frio, pra se dizer a um filho da puta antes de encher o rabo dele de balas. Mas eu vi uma merda hoje de manhã que me fez pensar duas vezes. Agora eu estou pensando: isso poderia significar que você é o mau. E eu sou o justo. E o senhor 9mm aqui é o pastor protegendo meu rabo justo pelo vale das trevas. Ou poderia significar que você é o justo e eu sou o pastor. E é o mundo que é mau e egoísta. Eu gosto dessa versão. Mas essa merda não é verdade. A verdade é: você é o fraco. E eu sou a tirania dos maus. Mas estou tentando, Ringo. Estou tentando DE VERDADE ser o pastor.”

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Hier Encore

Ainda ontem, eu tinha vinte anos. Acariciava o tempo e brincava de viver, como se brinca de namorar. E vivia a noite sem considerar meus dias, que escorriam no tempo. Fiz tantos projetos que ficaram no ar. Alimentei tantas esperanças que bateram asas, que permaneço perdido sem saber aonde ir. Os olhos procurando o Céu, mas, o coração posto na Terra. Ontem ainda, eu tinha vinte anos. Desperdiçava o tempo acreditando que o fazia parar. E para retê-lo, e até ultrapassá-lo, só fiz correr e me esfalfar.
Ignorando o passado, que conduz ao futuro. Precedia da palavra "eu" qualquer conversação. E opinava que eu queria o melhor, por criticar o mundo com desenvoltura. Ontem ainda, eu tinha vinte anos. Mas perdi meu tempo a cometer loucuras. O que não me deixa, no fundo, nada e realmente concreto, além de algumas rugas na fronte e o medo do tédio, porque meus romances morreram antes mesmo de existir. Meus amigos partiram e não vão mais voltar. Por minha culpa, criei o vazio em torno a mim e gastei minha vida e meus anos de juventude, do melhor e do pior, descartando o melhor. Imobilizei meus sorrisos e congelei meus choros. Onde estão agora meus vinte anos?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

"O cheiro dos velhos tempos

Quando eu era criança tinha o olfato apurado e o nariz de perdigueiro... Por isso mesmo, as pessoas, lugares e até coisas se relacionavam a algum cheiro.

O Rio de Janeiro, por exemplo, tinha cheiro de cuspe. A Praia do Canto era pura maresia, os livros na estante do escritório de meu pai cheiravam a naftalina, a Fazenda Nova Grécia, onde passávamos as férias, a café. O Sacré-Couer recendia a desinfetante, mas o Carmo cheirava à goma dos chapéus das Irmãs de Caridade. O quintal de Dindinha tinha cheiro de goiaba madura, e da minha rua vinha sempre o aroma inesquecível da terra e das plantas molhadas pela chuva...

As sábados íamos ao açougue no Pontiac (com cheiro de poeira), lá em São Torquato. E o cheiro, por incrível que pareça, era de... coentro. Na volta passávamos pelo mercado da Vila Rubim, cheio de cheiros os mais variados: de peixe, de tomates esmagados, de cebolas e batatas, que eu adorava escolher nos grandes sacos de cânhamo ao pé das barracas. Quase todas vendiam flores, eu gostava dos sorrisos-de-Maria, embora não tivessem perfume algum. Ali, sim, me divertia em identificar odores, em descobrir mexericas, as cascas se espalhavam pelo chão, mas ninguém ligava, nem escorregava. Já as cascas das bananas eram conscienciosamente atiradas nos latões de lixo, de cheiro estranho pelas muitas misturas.

O mercado da Vila Rubim era uma festa em nossas infância. E minha mãe, "freguesa" antiga de algumas bancas, onde todos se conheciam, trocavam novidades: "A melancia dali está uma maravilha. É muito mais barata!"...

O tempo de mercado passou rápido. Logo, meu pai começou a comprar carne em um açougue mais perto e mais sofisticado, com cheiro de linguiça. E a feira de rua foi inaugurada no meu bairro. Tinha cheiro de beiju. Aquele beiju de São Mateus, que a gente comprava no mercado e era uma delícia. O mercado de São Mateus não mudou de cheiros: farinha de tapioca e de coco, beiju de amendoim, peneiras, cordas, sacos de juta. O cheiro da Bahia, de São Salvador, como se os mateenses, irmãos que adotei por amor, baianos fossem, por aproximação...

Da feira da rua eu não gostava - nem gosto até hoje. Preferia "Seu" Totonho Verdureiro, equilibrando nos ombros o grosso cajado que segurava suas duas cestas redondas, uma de cada lado, derramando verduras fresquinhas, com aquele aroma gostoso de antigamente, quando não havia agrotóxicos e as alfaces vinham verdinhas, lavadas, dava pra saborear ali mesmo, no portão, era só querer. As cenouras tinham cheiro de lápis de cor, as beterrabas, cheiro de milho verde, que tinha cheiro de beterraba..

O mercado perdeu o charme - e seus cheiros. A feira de rua caiu de moda. Agora é a vez dos "quilões", que nem cheiro tem. As pessoas pulam apressadas de banca em banca, escolhem ao acaso, tomates, limões, cebolas, batatas e vagens, pepinos e berinjelas, mandam partir a abóbora, ver se está macio o aipim. Os kiwis, os figos e morangos, sem perfume, ganharam mais status que as mangas sumarentas, os abacaxis, os cajus. Peras e maçãs, uvas de todas as espécies e preços, ameixas e pêssegos são frutas nobres, como o melão. Sem cheiro. Como o moderno mamão. Macho. Que mamão-fêmea nunca mais vi. Desde os tempos cheirosos do velho mercado da Vila Rubim."

Crônica de: Marzia Figueira
Publicada no livro: Escritos de Vitória - Mercados e Feiras


Nove anos já. Saudades... =(